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Os Desafios dos Líderes nas Empresas Caórdicas

As transformações sociais, econômicas e tecnológicas em curso neste século XXI impactam a gestão das empresas e, principalmente, a atuação dos líderes, que precisam de mais flexibilidade, agilidade, além de estimular a participação e engajamento das pessoas que formam seus times.

Até bem pouco tempo, o modelo organizacional vigente era caracterizado por estruturas sólidas e pouco flexíveis, que deram origem às empresas que mudam com lentidão, hierarquizadas e com pouca integração entre os departamentos.

Hoje em dia, entretanto, as organizações atuam em ambientes mais complexos e dinâmicos, sendo que seus líderes são desafiados a colocar ordem no caos diariamente, tendo em vista os impactos da globalização, da conectividade, da transformação digital e da extrema competitividade no mercado, entre outros fatores. 

Caórdico foi o termo que Dee Hock, fundador e ex-CEO da Visa, criou para pensar e caracterizar esta nova realidade organizacional. Uma empresa caórdica deveria definir princípios e valores, proporcionando autonomia responsável a seus empregados e permitindo-os explorar, experimentar e promover mudanças baseadas nas crenças e valores institucionais.

Nas empresas caórdicas, os líderes são desafiados a estimular sua equipe a desenvolver seu potencial, adotando o estilo de um coach. Mais criatividade, autonomia e automotivação, com menos controle e mais espaço para pensamentos novos são fundamentais. Nenhum modelo de organização tradicional, no qual as ordens são transmitidas de cima para baixo, terá bons resultados no longo prazo neste novo ecossistema caórdico de negócios e da necessidade de realização pessoal e profissional.

Gestão do conhecimento, inovação, agilidade na tomada de decisões, diminuição da burocracia e das estruturas hierárquicas, mais comunicação horizontalizada, disponibilização de ferramentas para promover aprendizagem a partir dos erros e acertos, nova postura das lideranças são algumas das competências a serem implementadas nas organizações.

O caso da Nokia, que foi líder do mercado mundial de celulares por 14 anos, posto perdido em 2011, é um exemplo de empresa que deixou de lado as inovações desenvolvidas por sua equipe de colaboradores na década de 90, preferindo continuar focada nos aparelhos de telefones móveis mais simples. Outro aspecto problemático desta gestão, indicado pelas matérias sobre a empresa, foram as disputas internas. Ou seja, os líderes da Nokia, neste contexto, não mostraram flexibilidade para se adaptar à competitividade tecnológica, modificar o estilo de jogo e da atuação de seus líderes.

Entre o caos e a ordem, cabe aos gestores entenderem que em time que está ganhando também se mexe, principalmente por meio da valorização das iniciativas, compartilhamento de informações, mais democracia e diálogo, gestão por processos e decisões mais rápidas para implementar uma cultura inovadora.

Os líderes necessitam estabelecer objetivos de curto, médio e longo prazos, definidos com o auxílio das equipes, sem ser negligente com essa função. Eles devem inspirar e dar exemplos positivos por meio de suas ações e atitudes, que são observadas por todos da equipe.

* Randes Enes é mestre em Sistemas de Gestão pela Qualidade Total, com ênfase em Gestão Estratégica de Pessoas e MBA em Organizações e Estratégia pela Universidade Federal Fluminense (UFF/RJ). Docente na FGV nos programas de MBA, Pós-Graduação, CADEMP (Corporativo e Online) nas áreas de recursos humanos, estratégia, marketing e vendas.